O JOCA SOU EU!
 
Assistimos o filme mais criticado do ano e adoramos! Não só é melhor que o primeiro filme, como até o melhora! Faz algo que o primeiro nunca conseguiria: É divertido! Dá pra tratar temas densos de revirar o estômago sem nos deixar desconfortáveis a ponto de desligar a televisão! Mas gostamos do primeiro, ein!
 
A introdução animada dá o tom: Um filme sobre quem é o Coringa, com estética delirante. Sem repetir a dúvida sobre o que é real, a trama deixa bem claro o que é fato e o que é alegoria, dando emoção e ritmo à narrativa. Não é só o julgamento ou a cantoria, os dois trabalham a fragmentação da identidade do protagonista.
 
Lady Gaga brilha como uma Arlequina decidida e obcecada. Com atuação impecável e cenas musicais incríveis, a personagem é tão complexa quanto Arthur, com camadas de revelações e escolhas que te deixam de cabelo em pé!
 
O primeiro filme é esmiuçado sob novos pontos de vista. Se ali, a câmera nos guiava pelo olhar de Arthur, neste diferentes perspectivas traçam um retrato mais completo e concreto dele. Não vemos só o que Arthur sente, pensa e imagina, mas o poder que a opinião e as expectativas alheias tem sobre ele, construindo outra persona ou revelando-a.
 
A escolha das músicas é especial, dá um ar cartunesco e vibrante. As cores, a presença, a dança e a entonação explodem sensações. As cenas não acontecem só em delírios, vão permeando a realidade de forma bem dosada brincando com a mania de grandeza do protagonista e seu carisma torpe contagiando e espantando.
 
As reviravoltas direcionam novas questões e ampliam o dilema que se põe em cena: Não é sobre se o Coringa é inocente ou culpado, mas sobre seu real rosto. Com ou sem maquiagem, o corpo que carrega é o mesmo, sua história é a mesma. O gigante Coringa como invenção de Arthur pôde se tornar maior que ele, mas o diminuto Arthur precisa ser o Coringa pra ser gigante? Pra ser alguém?
 
Se Coringa é culpado ou não por ser musical, exploda o tribunal e vá se divertir!