"Sereias do Nordeste", por Martins Filho & Oitavo Lucas.
Da primeira vez que parti da ilha, o mar me esperava.
Águas azuis translúcidas feitas para minhas nadadeiras de neném. Uma tartaruga nasce tão pequena que nem tem noção do quanto pode viver. E muito eu vivi.
Dentre aqueles pedaços de terra de gente, vi de tudo. Vi mocó onde não devia estar, lagarto de dia tentando matar rato. Vi tortura e crueldade. Vi presídio pra quem discordava. Pra quem tinha que levar chicote. Porque não queria trabalhar pra gente má. Obedecer gente má. Esses humanos.
Era um lugar de uma energia ruim. A linhaça se espalhava, e os mais velhos diziam que nem os herdeiros daquele pedaço de terra queriam tudo aquilo. Precisou muita gente pra valorizar as riquezas do lugar. Uns duzentos anos. E hoje vejo meus últimos filhotes correrem pra água. Não está perfeita, turistas são complicados. Mas tem alguns humanos cuidando de nós. A floresta cresce. As praias maravilhosas. As cores mais vívidas que meus olhos já viram. E olha que eu faço a Sul Equatorial.
Opa, minha vez no Atol!
Conheça as outras artes do projeto na zine Sereias do Nordeste.
Pôster A4 Fernando de Noronha Sereias do Nordeste
Papel AP 250g colorido A4
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